A Educação Familiar e Escolar como Instrumento Eficaz no Combate à Corrupção

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A escola e a família são duas das principais instituições responsáveis pela constituição moral e ética das pessoas, razão pela qual se revestem de peculiar importância no contexto do nosso país, onde a falta de honestidade e probidade impera nos diversos setores da sociedade, implicando em numerosos casos de corrupção.

Diariamente, os meios de comunicação veiculam notícias relacionadas a pessoas que utilizaram os seus cargos para se beneficiarem. A recorrência desses casos indica que não se trata de fatos isolados, pontuais, mas de um comportamento abominável que está presente em todas as esferas da sociedade, desde as funções subalternas até os postos de alto escalão, contaminando todos os Poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário) e se alastrando por todos os órgãos e instituições, sejam eles políticos ou civis.

Verifica-se, pois, que condutas desonestas estão embutidas no espírito de uma parte considerável dos brasileiros, os quais se apropriam de qualquer oportunidade para obter vantagens ilícitas, sem se importar com o prejuízo que causa aos outros, retirando recursos que seriam destinados à saúde e à educação, por exemplo, para utilizar em projetos particulares.

Diante da gravidade e extensão do problema, faz-se necessário a atuação conjunta de instituições que estão presentes na vida das pessoas desde os seus primeiros anos de vida, tendo em vista que os valores mais caros a uma sociedade devem ser incorporados aos indivíduos logo no início de suas existências, de modo que, com o evolver da idade, haja a conscientização de que práticas desonestas são altamente nocivas ao meio social em que eles estão inseridos, fortalecendo, por conseguinte, o sentimento de que a probidade e a retidão são elementos benéficos para o bom funcionamento da sociedade, trazendo vantagens a todos, e não apenas a um pequeno grupo.

Por isso, a escola e a família, instituições que acompanham as pessoas desde o início de suas vidas, são fundamentais no processo de construção de uma sociedade composta por pessoas que pensam coletivamente, que não utilizam os seus cargos públicos para realizarem conchavos, barganhas, com interesse no sucesso privado em detrimento do bem-estar de todas as pessoas.

Dispõe a Constituição Federal de 1988, no art. 205, sob o título “Da Ordem Social”, que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Extrai-se do texto constitucional que a educação constitui direito de todos, sendo obrigatória a sua prestação pela família e pelo Estado, com o auxílio da sociedade, declarando, em seguida, entre os seus objetivos, o pleno desenvolvimento da pessoa e seu preparo para o exercício da cidadania.

Conclui-se, portanto, que a educação oferecida pelo Estado e pela família não deve se restringir à transmissão de conhecimentos científicos, aprendizado das normas cultas da língua etc, mas inclui-se, também, entre as suas finalidades, a difusão de valores éticos e morais, para o pleno desenvolvimento humano, abrangendo uma formação que conduza os indivíduos à honestidade, principalmente quando ocuparem cargos públicos, os quais demandam responsabilidade e respeito ao que pertence ao povo.

Assim, deve-se construir em nosso país, com atuação da escola e da família, uma consciência coletiva que não tolere práticas incompatíveis com a probidade, tendo em vista que a corrupção, por sua natureza, é individualista e egoísta, pois coloca os interesses de determinadas pessoas ou grupos acima do bem-estar geral, atraindo, por conseguinte, para toda a sociedade, injustiças, desigualdades e a falta ou a má prestação de serviços.

Considerando-se que a corrupção é uma conduta arraigada no seio da sociedade brasileira, somente a intervenção de instituições sólidas, como a escola e a família, será capaz de erigir um país divorciado de condutas maléficas à coletividade, formando cidadãos cada vez mais preocupados em cultivar comportamentos idôneos, que não atentem contra bens e serviços destinados e pertencentes ao povo.



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